“Um terço dos cancros seriam evitados com hábitos de vida saudáveis”

A Unidade de Cancro da Mama do Centro Clínico Champalimaud, em Lisboa, está ao nível das melhores da Europa. Maria João Cardoso, uma das suas responsáveis, lembra, no entanto, que a prevenção continua a ser a melhor arma para combater a doença. Hoje é o Dia Nacional da Prevenção do Cancro da Mama.
- De que forma a Fundação Champalimaud trabalha para aumentar a consciencialização sobre a importância do rastreio e diagnóstico precoce do cancro da mama?
- Através de todas as ações educativas que promove quer junto da população quer junto das famílias dos doentes que trata.
- Que mudanças nos fatores de risco para o cancro da mama têm sido observadas em Portugal? Existem estudos ou pesquisas que indiquem uma alteração nos padrões de diagnóstico e tratamento?
- O cancro da mama na mulher jovem tem vindo a aumentar na última década. O cancro da mama diagnosticado precocemente tem sobrevidas muito elevadas e os tratamentos disponíveis são cada vez mais eficazes. Infelizmente um terço dos cancros que são diagnosticados (não só mama) seriam evitados com hábitos de vida saudáveis, mas essa alteração de comportamento para melhor alimentação e mais atividade física está longe de ser ideal.
- Como a evolução nas tecnologias de rastreio e diagnóstico precoce impactou a deteção do cancro da mama em estágios iniciais em Portugal? Quais são as inovações implementadas pela Fundação Champalimaud nesse contexto?
- As tecnologias de rastreio e diagnóstico precoce não mudaram nos últimos anos. A forma de detetar o cancro da mama mantém-se igual – a mamografia – que em Portugal se começa no rastreio populacional aos 50 anos. A Fundação Champalimaud, estando consciente do aumento dos casos em idades mais jovens, iniciou uma parceria com a Câmara Municipal de Lisboa na tentativa de potenciar o rastreio neste subgrupo mais jovem.
- Como a Unidade de Mama do CCC mede o impacto das suas intervenções na redução das taxas de mortalidade e incidência do cancro da mama em Portugal? Existem dados recentes que possam ser partilhados?
- A unidade de mama do Centro Clínico Champalimaud não poderá ser uma medida da incidência do cancro da mama em Portugal já que apesar de ser uma Unidade de alto volume apenas representa um centro em Portugal. Relativamente a sobrevivência das nossas doentes, sim, temos dados que analisamos todos os anos e que nos colocam ao nível de todos os centros diferenciados europeus.
- Quais são as inovações mais recentes em termos de tecnologia e técnicas de tratamento que a Unidade de Mama tem adotado para melhorar o diagnóstico e tratamento do cancro da mama?
- O tratamento do cancro da mama centra-se em três grupos de tratamentos: a cirurgia; a radioterapia e os tratamentos sistémicos (quimioterapia, hormonoterapia, imunoterapia, etc). Em todos esses tratamentos a Fundação Champalimaud tem acesso às mais modernas tecnologias disponíveis.
- Quais são as mudanças nas taxas de sobrevivência e recuperação de pacientes com cancro da mama em Portugal ao longo dos anos?
- Não podemos saber, já que essa informação não se encontra publicamente disponível.
- Que tipo de apoio psicológico e social a Fundação Champalimaud oferece aos pacientes e sobreviventes de cancro da mama?
- O apoio psicológico está disponível para os doentes com cancro da mama desde o primeiro momento. O apoio social não é habitualmente uma necessidade nas doentes que tratamos, mas temos a capacidade de fazer essa avaliação e triagem e apoiar em tudo o que seja necessário.