Já saiu o programa do Livros a Oeste | Festival do Leitor – edição de 2025

O Livros a Oeste | Festival do Leitor está de volta à Lourinhã, com a 13ª edição agendada entre 13 e 17 de Maio, sob um auspício bem adequado aos tempos que vivemos: A HISTÓRIA É UMA ENCRUZILHADA.
A cada passo tomamos decisões, a cada passo prescindimos de algo, a cada passo assumimos qual será a direção… dos próximos passos. A História, com maiúscula e poderes acrescidos, é uma permanente encruzilhada e cada movimento, à semelhança de um xadrez cósmico, trilha caminho para as suas consequências.
Num tempo de inquestionáveis mudanças, convidámos figuras de diferentes quadrantes e com olhares distintos, para participarem neste encontro multidisciplinar em que, como é ajuizado acautelar, são mais as perguntas que as respostas. A política, a literatura, a historiografia, a tecnologia, a música, a poesia… tantos são os cenários que mudaram, mudam e continuarão a mudar, espelhando o percurso de um país. E do mundo que o rodeia. E a história, a tal em que ficcionamos para termos mão no seu desenlace, também é feita de escolhas e lapsos, urgências e atrasos, realidades e ilusões, certezas e tentativas.
«A nossa aposta contínua na divulgação cultural e criação de novos públicos, assenta que nem uma luva num encontro desta natureza, uma oportunidade para juntar projetos e criadores de diferentes áreas, questionando a realidade, divulgando e debatendo, com a preocupação de abranger diferentes tipologias de audiência e registos complementares, que possa chegar a pessoas com diferentes sensibilidades e interesses»; António Alberto Santos; Vereador da Câmara Municipal da Lourinhã com os Pelouros da Educação, Cultura e Cidadania.
«Estamos numa época decisiva para definir o que será, não só o período que completa este século, mas as linhas definidoras de uma certa concepção de Humanidade, questionada e desafiada pelas transformações que o próprio ser humano produziu e infligiu em todo o planeta em que vivemos. Criámos problemas que só nós podemos resolver. Porém, cada decisão implica consequências»; João Morales; programador do Livros a Oeste|Festival do Leitor
A sessão de inauguração é, este ano, conduzida por Maria Caetano Vilalobos, um dos rostos mais recentes do panorama português da palavra dita, da poesia contemporânea, da slam poetry (com diversas presenças já no seu currículo, em eventos, nacionais e internacionais). Como habitualmente, será o momento para a divulgação dos vencedores do Concurso de Contos Livros a Oeste (nas suas diversas categorias). E, logo em seguida, visitamos a exposição “+ ¬– São Cravos, Senhor, São Cravos”, do artista Miguel Januário, patente na Galeria Municipal da Lourinhã. De referir que a Biblioteca Municipal acolhe ainda a exposição (RE) Constituição, com a exposição de páginas do livro homónimo, obra amplamente premiada, que rasura a Constituição vigente durante a Ditadura (trabalho que ganha maior significado nos 50 anos da data da preparação da 1ª Constituição publicada em Liberdade, o que viria a acontecer em 1976).
As noites têm por destino o auditório do Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira. Logo na primeira, terça-feira, dia 13, contamos com PURGA, projeto independente dedicado à poesia, criado em 2019, por NERVE (Tiago Gonçalves). Em cada sessão, além de apresentar textos novos, NERVE convida um ou mais autores para lerem poesia original. Nesta edição, o rapper e poeta português convida José Anjos, anfitrião do projeto Poesia na Bota, conhecido poeta e dinamizador de sessões de poesia. Qualquer membro do público pode participar, sem necessidade de inscrição.
As restantes noites são preenchidas por conversas temáticas, com diferentes convidados. Quarta-feira à noite teremos Pedro Prostes da Fonseca, Fernando Alvim e Manuel Frias Martins, sob o título DISTÂNCIA E PROXIMIDADE NA ERA DA INTERNET, quinta-feira o palco será entregue a Clara Ferreira Alves (de regresso à edição, ela que conta com quase seis centenas de livros publicados), Afonso Cruz e Filipa Fonseca Silva (ambos também com livros novos), porque A VIDA RECOMEÇA CONTINUAMENTE. E sexta-feira o serão conta com a presença de Bruno Vieira Amaral (que nos traz o seu novo romance, mas também a biografia de José Cardoso Pires, cujo centenário assinalamos em 2025), Patrícia Portela (com livro novo) e Mário Rufino (autor de um dos romances de estreia mais aclamados doa últimos anos). O encontro dos três foi batizado como O PASSADO É UM PAÍS SEM FRONTEIRAS.
No sábado, a tarde começa com Patrícia Reis e Teresa Carvalho, numa sessão dedicada a duas mulheres recentemente falecidas, senhoras de uma poesia e de uma vida francamente distintivas, MARIA TERESA HORTA E ADÍLIA LOPES – COERÊNCIA CONJUGADA NO FEMININO. Depois, a última destas habituais conversas junta Miguel Szymanski (romancista, mas também jornalista e comentador da RTP para assuntos internacionais), Júlio de Almeida (angolano, com um passado ligado ao exército, mas também ao Executivo de Angola, autor de dois romances publicados entre nós, à semelhança de vários outros do seu filho, o bem conhecido Ondjaki), que nos traz as suas memórias, e Luís Reis Torgal, figura de destaque da Academia portuguesa, com um vasto e rico percurso no âmbito da História, do pensamento e do Ensino (também desta vez, os convidados viajam com livro novo na bagagem). A conversa, em jeito de balanço final, designa-se CHEGADOS AQUI, PARA ONDE VAMOS? O festival encerra com ESTILHAÇOS, o projeto que junta poesia e música, com a mentoria de Adolfo Luxúria Canibal.
Como habitualmente, criámos uma programação multidisciplinar, assentando em conversas com autores, espetáculos para os mais novos, outros, imersivos com a comunidade, spoken word ou exposições. À semelhança de anos anteriores, haverá ainda uma Oficina para Professores e Educadores, PERGUNTAS GUERREIRAS, DIÁLOGOS PACÍFICOS, por Joana Rita Sousa.
Aliás, o público em idade escolar sempre foi uma das principais preocupações na planificação e execução deste encontro anual, com as manhãs de todos os dias úteis do festival - que são quatro - completas e sobejamente preenchidas com sessões destinadas aos diferentes ciclos letivos, nos próprios estabelecimentos de ensino, em salutar colaboração com as professoras bibliotecárias destes espaços.
São diversos os autores e os livros que vão ser apresentados ao público infantojuvenil: Diário do Sushi, o Gato (Ana Rita Sequeira), Histórias Hilariantes da História de Portugal (Mafalda Cordeiro), Consultório Furioso (Patrícia Portela) ou Eu e as Babes (Ana Luísa Pais). Além disso, as escolas receberão ainda as sessões CAMILO CASTELO BRANCO – 200 ANOS DE UM ESCRITOR PROFISSIONAL e A POESIA VAI À ESCOLA (com Poeta da Cidade e Josefa de Maltezinho). O público infantil conta ainda com o espetáculo RECOMEÇAR – TEATRO DE SOMBRAS E OBJETOS, conjugando o trabalho da companhia Sombronautas, Teatro Inefável e do músico Simão Cardoso. Partindo do livro Recomeçar, de Oliver Jeffers, nasceu um espetáculo, novo em folha, com música e muita luz para guiar num novo começo os alunos do pré-escolar e 1.ºciclo da Lourinhã.
A ligação ao território local continua a ser uma das preocupações no horizonte da organização deste evento, apostando na continuação de iniciativas como OS CANTOS DAS PALAVRAS (na via pública, apelando à participação de quem passa), A POESIA É QUE NOS SALVA (cultivando a palavra dita em voz alta, de forma informal e em tom de convívio, ao final da noite) ou na integração de um espetáculo concebido pelo Clube Idade+ (sob a orientação de Maze, criador que junta a palavra dita, escrita e falada, figura já bem conhecida no nosso festival), intitulado RECOMEÇAR, sublinhando que a participação na vida cultural local não tem, nem poderia ter, quaisquer limites etários. Maze (André Neves) realizou uma residência com 16 mulheres seniores do Clube Idade+ da Ribeira de Palheiros, inspirada no livro Recomeçar, de Oliver Jeffers. Com reflexões sobre o passado, presente e futuro, as participantes mergulham na ideia de que há sempre espaço para um novo começo.
As sessões de final de tarde, pelas 18h30, são dedicadas à apresentação de obras recentes, abrangendo diferentes géneros, para leitores distintos. Assim, na Terça-feira teremos a presença de Teolinda Gersão e Manuel Alberto Valente, trazendo consigo, respetivamente, Autobiografia de Martha Freud e Poesia – Substantivo Feminino: 25 Poetas Nascidas Depois do 25 de Abril. No dia seguinte, é a vez de Francisco Mota Saraiva (com Morramos ao Menos no Porto, vencedor da mais recente edição do Prémio José Saramago) e Fernando Pinto do Amaral (com o seu mais recente livro, Contos Suicidas). Quinta-feira recebemos Pedro Boucherie Mendes (com o seu livro A Década Prodigiosa – Crescer em Portugal nos Anos 80) e Carlos Ramos, editor sitiado em Peniche, (com a antologia Trago-te Estes Lilases da Noite, constituída por poesia de diferentes proveniências geográficas, cuja tradução é responsável). Sexta à tarde, a música e a palavra estarão bem representadas: Amélia Muge traz-nos Um Gato é um Gato, onde a ligação entre o mais famoso felino e um conjunto alargado de escritores ganha evidência, e a dupla Rogério Charraz e José Fialho Gouveia apresenta Anónimos de Abril Vol I, obra que fixa para posteridade a história de alguns bravos que enfrentaram e foram alvo da fúria da ditadura salazarista.
Como habitualmente, toda a duração do festival é acompanhada por uma Feira do Livro, da responsabilidade da Associação Juvenil de Peniche, onde, lado a lado com várias obras de cada um dos convidados, será possível encontrar muitas oportunidades e descobrir livros cujo interesse se pode revelar pelo tema, pelo autor, pelo preço, ou por qualquer outro fator de afinidade. Da mesma forma, muitos são os motivos para visitar a Lourinhã, de 13 a 17 de Maio, e desfrutar da programação que preparámos, com afinco, para esta 13ª edição do Livros a Oeste | Festival do Leitor.