Isabel Ricardo, da Nazaré para as livrarias

Olá, eu sou Isabel Ricardo, sou escritora, uma escritora da Nazaré. Eu comecei a inventar histórias quando tinha três anos. Quando comecei a aprender a ler e a escrever foi uma liberdade e uma alegria imensa, porque já podia dar asas à minha imaginação.
O primeiro livro que eu escrevi era um livro de aventura, tinha 11 anos, e foi a partir dessa altura que eu comecei a perceber que era mesmo aquilo que eu queria fazer o resto da minha vida, inventar e escrever histórias.
A primeira vez que vi um livro de aventuras foi no dia de aniversário de uma amiga minha, da Nazaré. Ofereceram-lhe um livro de Os Cinco, as minhas amigas andaram todas a comer os bolos e eu devorei o livro. Foi uma descoberta enorme porque não conhecia os livros de aventuras.
Em 2023 comemorei 30 anos de carreira literária, tem sido um percurso muito especial. Atualmente faço muitas sessões de incentivo à leitura, desde pré-escolar, primeiro ciclo, segundo e terceiro ciclo, e tenho muitas escolas que trabalham os meus livros. Atualmente tenho 39 livros publicados, a maioria para crianças e jovens.
Eu adoro escrever livros para crianças e para jovens. Por exemplo, tenho uma coleção que é a coleção dos Aventureiros. A coleção dos aventureiros são três rapazes, uma rapariga e um corvo, que têm aventuras em locais de Portugal.
Esta coleção tem uma função pedagógica, porque além de cativar os mais jovens para a leitura, divulga o nosso património histórico e cultural. Costuma ser recomendado pelos professores de Português e de História, mesmo àqueles alunos que não gostam de ler.
Tenho também a coleção dos Guerreiros da Luz, que é uma pentalogia, portanto, são cinco livros com três crianças destinadas a salvar o mundo, e estão com poderes especiais. Mas a minha obra, que me leva a muitas mais escolas, são os livros infantis. O meu primeiro livro publicado foi a Floresta Encantada, que fala sobre a ecologia.
Também tenho a Revolta da Natureza, que fala também sobre o ambiente. Eu tento sempre, nos livros infantis ou juvenis, além de incentivar os miúdos a respeitar a natureza e os animais, tento demonstrar também o que eles podem fazer com a leitura. Podem viajar, adquirir mais vocabulário, e tento sempre incentivá-los, portanto, nas sessões para a leitura.
Tenho o Fantasma das Cuecas Rotas, que faz sempre um grande sucesso. A mensagem é que somos todos diferentes, mas somos todos iguais. Também tenho o Dragão Trapalhão, cujo tema é a adoção e a descoberta de que todos somos importantes. A Morceguita Destrambelhada.
Também tenho livros publicados em inglês. Obtiveram apoio à tradução do Instituto Camões e da DG LAB e foram todos premiados nos Estados Unidos. Já tenho lá dez livros publicados. Além de terem recebido medalhas de ouro, também foi finalista de um prémio no Reino Unido.
Em 2024 recebi um convite muito especial e que me privilegiou imenso.
Foi do Instituto Camões e da Coordenação do Ensino Português nos Estados Unidos para visitar durante 11 dias as escolas portuguesas comunitárias. Foi uma alegria imensa porque andei por imensas escolas, foram 11 dias inesquecíveis, em que fiquei admiradíssima com a quantidade de escolas que falam português, mesmo as escolas públicas americanas falam português e dão as aulas nas duas línguas ao mesmo tempo. Por exemplo, a disciplina de História é dada ao mesmo tempo em português e depois em inglês. Os alunos assistem simultaneamente. Foi uma experiência inesquecível.
O conselho que quero dar aos mais novos é que leiam muito. Leiam muito, escrevam também. Quanto mais lerem, adquirem mais vocabulário.
Percebam melhor o que os professores querem nos testes e desenvolvem mais inteligência. Isso acho que é muito importante. Beijinhos a todos e boas leituras.
O Projeto ‘Da Biblioteca para o Mundo’ é uma parceria entre a Comunidade Intermunicipal do Oeste e a Rede Intermunicipal de Bibliotecas do Oeste (RIBO) com o propósito de descobrir ou revisitar figuras do município que gravaram o seu nome nos livros.
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