Conferência OesteCIM: decidir com base em dados e não em perceções
A Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) marcou presença no Portugal Smart Cities Summit com a organização da conferência ‘Cidades Sustentáveis e Territórios Inteligentes’, um espaço de reflexão promovido em parceria com o jornal Observador, onde decisores públicos, académicos e parceiros tecnológicos debateram o papel dos dados e da inovação na construção de territórios mais eficientes e humanos.
Pedro Folgado, presidente da OesteCIM e representante da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), abriu a sessão destacando a ambição da região em liderar a transformação digital e a criação de valor público:
“A região Oeste é hoje um verdadeiro piloto de um território inteligente para o país. Não há futuro inteligente sem decisões baseadas em dados. Precisamos de sistemas integrados, informação rigorosa e uma cultura de gestão pública focada na evidência.”
A conferência centrou-se no projeto Oeste Smart Region, uma colaboração entre a OesteCIM e a NOVA Information Management School (NOVA IMS), que aplica ciência de dados à decisão pública.
Miguel Castro Neto, Diretor da NOVA Information Management School (NOVA IMS), sublinhou o impacto do projeto:
“Esta jornada de cocriação começou no Oeste e hoje inspira a estratégia nacional para territórios inteligentes. É um novo paradigma onde a decisão é sustentada por dados em tempo real e com impacto direto na qualidade de vida das pessoas.”
Paulo Simões, Secretário Executivo da OesteCIM, destacou a importância de capacitar a administração pública com ferramentas que melhorem a gestão e o planeamento:
“Com dashboards como o cockpit do presidente, os autarcas ganham uma visão integrada que permite decisões mais eficazes. É assim que combatemos, por exemplo, o insucesso escolar, olhando para realidades distintas com base em dados concretos.”
Cláudia Pernencar, Dean da ESAD - Caldas da Rainha, trouxe uma perspetiva do setor educativo, sublinhando o valor da informação na gestão da diversidade cultural e na retenção de talento na região:
“Num dos agrupamentos detetámos entre 47 e 49 nacionalidades diferentes. Os dados são fundamentais para preparar políticas educativas e sociais ajustadas à realidade.”
Manuel Dias, National Technology Officer da Microsoft Portugal, elogiou a visão coletiva dos municípios do Oeste:
“Ao tratarem os dados como um ativo estratégico e ao aplicarem tecnologia com foco nas pessoas, os 12 municípios mostram que é possível transformar a administração pública com impacto real no dia a dia dos cidadãos.”
No painel final, moderado pelo Observador, foi debatido o impacto desta nova abordagem na forma como os autarcas governam. Pedro Folgado destacou que “esta geração de autarcas já está no terreno”, assumindo o compromisso com políticas públicas baseadas em evidência e conhecimento. “Hoje, não basta estar próximo. É preciso decidir melhor — e isso exige dados e visão.”
Encerrando o debate, Paulo Simões deixou uma reflexão crucial sobre a necessidade de qualificação de todo o ecossistema de decisão pública — incluindo os meios de comunicação: “Não se trata apenas de uma nova geração de autarcas, mas de um processo de qualificação da sociedade. É preciso que todos — administração, cidadãos e comunicação social — compreendam e usem os dados para colocar os verdadeiros problemas na agenda. Muitas vezes discutimos perceções sem base factual. O jornalismo tem aqui um papel central na construção de uma democracia mais informada e na criação de valor público.”
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