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Cultura

Centros Históricos: cinco percursos obrigatórios no Oeste

28 de março, 2025
Oeste CIM
Centro Históricos da Região Oeste
Centro Históricos da Região Oeste

Hoje celebra-se o Dia Nacional dos Centros Históricos, uma data formalmente criada a 28 de março de 1993 com o objetivo de valorizar o património e, como a própria expressão o indica, a História do local, que na maior parte dos casos adquiriu uma dimensão nacional. Conheça os cinco percursos de visita obrigatória no Oeste.

  • Alcobaça

Em Alcobaça, o centro histórico cresceu em redor do imponente Mosteiro, obra-prima da arquitetura cisterciense, fundado no século XII. Ao explorar o centro histórico, os visitantes encontram várias referências à apaixonante história de Pedro e Inês - e do seu amor proibido - e às famosas "Chitas de Alcobaça", tecidos tradicionais que refletem a identidade portuguesa, além-fronteiras.

Da gastronomia destacam-se os Doces Conventuais, que remontam aos tempos dos monges e monjas cistercienses, o licor de ginja e o típico Frango na Púcara.

O centro histórico é ainda um ponto de encontro para a cultura. O Mosteiro, o Rossio, o Jardim do Amor, o Museu das Máquinas Falantes e o Armazém das Artes, são centros culturais que oferecem visitas, exposições e espetáculos para todas as idades, todo o ano.

Alcobaça é uma cidade histórica, acolhedora e charmosa com uma arquitetura que atravessa várias épocas. Quem visita Alcobaça não passa sem lá voltar.

Saiba mais: https://www.apmch.pt/municipios-associados

  • Caldas da Rainha


O centro histórico de Caldas da Rainha está devidamente delimitado e reconhecido através do Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana (PPRU), garantindo assim a sua preservação e valorização. Esta área contém património cultural imóvel classificado, o que reforça a importância da sua proteção, assegurada por diretrizes específicas que orientam a sua gestão e conservação, promovendo a identidade histórica e cultural da cidade. 

  • Óbidos

O Castelo de Óbidos e todo o conjunto urbano da vila foram oficialmente classificados como Monumento Nacional pelo Decreto de 16 de junho de 1910, uma das primeiras proteções patrimoniais atribuídas em Portugal. Esta classificação, reconhecida pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), visa preservar a autenticidade e o valor histórico da vila medieval, que mantém a sua estrutura original com muralhas bem conservadas, ruas estreitas de calçada e edifícios de arquitetura tradicional. Óbidos destaca-se pelo seu papel na história de Portugal, tendo sido oferecida como presente de casamento à rainha D. Isabel pelo rei D. Dinis no século XIII, tradição que se manteve até ao século XIX. Hoje, além de ser um dos principais destinos turísticos do país, a vila é protegida por uma Zona Especial de Proteção (ZEP), garantindo a conservação do seu património cultural e arquitetónico.

Saiba mais: https://www.cm-obidos.pt/municipio/gestao-do-territorio/patrimonio-cultural/patrimonio-classificado/castelo-de-obidos-e-todo-o-conjunto-urbano-da-vila

  • Peniche


A cidade de Peniche, estendendo-se pela península, tem na base da sua matriz urbana os núcleos históricos de Peniche de Cima e de Peniche de Baixo, já referenciados no séc. XVI. O primeiro, mais antigo, acolheu na época romana uma pequena comunidade centrada na atividade de captura e transformação de pescado, realidade que terá perdurado nos séculos seguintes. Já o núcleo de Peniche de Baixo, estando na génese da Vila de Peniche, obedece a um reticulado octogonal que tem como eixos diretores o porto e a Fortaleza.

O Núcleo Histórico de Peniche de Cima, apresentando uma tipicidade própria refletida no urbanismo irregular de travessas e ruelas, perpetuando a memória uma ocupação humana mais antiga, atestada pela identificação, no sítio do Morraçal da Ajuda, de um complexo oleiro da época romana. Entre o final do séc. I a C. e o séc. III d. C., assistiu-se à vigência neste território de uma intensa atividade industrial ligada à produção de conservas de peixe.

Em 1367, num documento da Chancelaria de D. Fernando, é feita referência aos “moradores do reguengo de Peniche”, facto que parece já indiciar a presença de uma pequena comunidade piscatória. O lugar de Peniche centraria a sua atividade económica na exploração dos recursos piscícolas, com destaque para a pesca e para a salicultura. Fora das muralhas existiriam várias salinas e, pelo menos, uma camboa (estrutura de pesca, que está na origem do micro-topónimo Gamboa). Com o dealbar do séc. XX presencia-se a implantação em Peniche de Cima de várias indústrias associadas à pesca, nomeadamente a construção naval e a indústria conserveira.

Com génese no séc. XVI, o núcleo histórico de Peniche de Baixo ou “Ribeira”, como é identificado no recenseamento de 1527 (em oposição ao lugar de Peniche, ou Peniche de Cima), apresenta-se, já nesse período, como o aglomerado urbano mais populoso da ilha/península de Peniche, com os seus 144 vizinhos. A presença de um porto natural, protegido dos ventos dominantes de norte, e a construção de uma primeira fortificação - Baluarte Redondo (entre 1557/58) -, no local onde hoje está a Fortaleza de Peniche, favoreceram o povoamento da zona sudeste deste território.

A intensa atividade económica, dedicada à pesca e ao comércio de cabotagem, associada ao crescimento no perímetro urbano e do número de moradores, proporcionou em 1609, no reinado de Filipe II, a elevação deste núcleo a vila e sede de concelho.

Com a Restauração da Independência Nacional, a 1 de dezembro de 1640, teve início um ambicioso programa de fortificação das fronteiras do reino. Peniche foi considerada, por D. João IV, em 1642, “(…) praça de tão grande importância e a principal chave do reyno pela parte do mar (…)”. De forma a complementar a ação defensiva proporcionada pela Fortaleza de Peniche, é edificada uma linha amuralhada, composta por vários baluartes e meio-baluartes, atravessando os terrenos da antiga ilha “de mar a mar”.

Esta cortina defensiva, construída entre 1659 e 1671, segundo plano da autoria do engenheiro militar Simão Mateus, é encabeçada pelo Forte das Cabanas, sendo composta pelos baluartes de S. João (Misericórdia) e de S. Pedro (Ponte) e pelos meio baluartes de S. Vicente (Calçada), de N.ª Sr.ª da Ajuda (S. Vicente) e de N.ª Sr.ª da Conceição (Gamboa).

Este núcleo mantém intacta uma malha urbana de fundo quinhentista. Percorrendo este núcleo histórico identifica-se a presença de vários imóveis históricos de fundo civil (com destaque para Torre do Relógio), religioso (Igreja de S. Pedro e Igreja da Misericórdia) e militar (Fortaleza, Muralhas de Peniche e Forte das Cabanas).

Hoje situada a alguma distância do mar, a Vila de Atouguia da Baleia perpetua no seu núcleo histórico a memória daquela que foi em tempos uma das vilas piscatórias mais importantes do território português.

Frequentemente ameaçada pela pirataria muçulmana, que durante a Idade Média fustigava a costa portuguesa, esta vila ostenta junto ao rio de S. Domingos um troço de pano amuralhado pertencente ao antigo Castelo Medieval outrora responsável pela defesa da povoação e do importante porto.

Em 1147, o cruzado D. Guilherme de Corni apoia o rei D. Afonso Henriques na conquista de Lisboa. Como retribuição, torna-se senhor da Herdade de Atouguia. Em 1168, são doados os primeiros forais à Atouguia: Foral dos “Francos” e Foral dos “Galegos”. Nestes forais sobressaem diversas mais-valias para os habitantes deste território que, associadas às condições físicas atrativas do clima, qualidade dos solos, atividades salineiras e recursos piscícolas, tornam Atouguia um núcleo muito relevante durante a Idade Média. Também a captura da baleia assumiu nesse período grande importância, sendo esta atividade evocada no nome da vila.

O reticulado de estreitas ruas e travessas, de traça medieval, que corporiza o centro histórico de Atouguia da Baleia, evolui tendo como ponto de partida a antiga cerca da vila, implantada na margem sul do Rio de S. Domingos, da qual ainda existem vestígios e evocações toponímicas, como Rua da Porta do Sol, e o próximo Largo de S. Leonardo.

Com efeito, a Rua Direita, ligando o Largo de S. Leonardo ao Largo de Nossa Senhora da Conceição, apresenta-se enquanto principal eixo urbano da povoação, e a partir do qual se expande a malha urbana.

No Largo de S. Leonardo encontramos o coração da Vila medieva. Aqui pontificam a imponente Igreja de S. Leonardo, datada do séc. XIV, e defronte desta o Pelourinho, de estilo manuelino, testemunho da antiga municipalidade desta Vila. Consubstanciando o centro administrativo da povoação encontramos a sede da Junta de Freguesia, construída no local onde originalmente estava instalada o edifício da Câmara Municipal de Atouguia da Baleia, municipalidade extinta em 1836.

Percorrendo a Rua Direita em direção ao Largo de Nossa Senhora da Conceição identifica-se nas cantarias góticas do casario vestígios deste passado medievo. O Largo de Nossa Senhora da Conceição parece delimitar a Sul o burgo medieval e moderno da vila. Aqui encontramos a magnificente Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construção barroca dos finais do séc. XVII, atribuída ao arquiteto João Antunes. Junto a este templo implanta-se o singular Touril, estrutura composta por vários esteios de pedra perfurados que parece delimitar um antigo espaço de índole tauromáquica.

Localizada nas traseiras desta igreja encontra-se a Fonte de Nossa Senhora da Conceição, também designada por Fonte Gótica ou dos Gafos, devido ao arco ogival que ostenta, e por cima do qual ainda figura o brasão da Vila, ou pelo facto de ter servido a gafaria medieval, para tratamento de leprosos, que se implantava neste local.

O assoreamento do Rio de S. Domingos, a partir do séc. XIV, moldou a atual posição de interioridade de Atouguia da Baleia, motivando a migração durante o séc. XVI de parte desta comunidade piscatória para a ilha/península de Peniche. Este facto terá contribuído para uma consolidação do perímetro do centro histórico da vila, balizado a Norte pelo Castelo/Estrada Nacional 114, a Sul pelo largo de Nossa Senhora da Conceição, a Este na rua do Ouro/Estrada Nacional 114 e a Oeste na rua Padre José Tavares. Será já a partir de meados século XX que se assiste à expansão da malha urbana de Atouguia da Baleia consubstanciando a realidade atual.

  • Torres Vedras

O centro histórico de Torres Vedras constitui uma síntese da expressão material da ocupação humana, na sua diversidade sociocultural, ao longo dos milénios que marcaram a existência do núcleo urbano torriense.

É formado pelos bairros, quarteirões, praças, arruamentos e edifícios de múltiplas funções e características que, durante séculos, foram cingidos e moldados pela cerca medieval, de cujas fundações subsistem vestígios visitáveis. Resultado de sucessivas construções e reconstruções, num crescimento marcadamente orgânico, aqui convivem edifícios residenciais, comerciais e industriais, de notável simplicidade, com majestosas edificações senhoriais, administrativas, religiosas e assistenciais, como os Paços do Concelho, as quatro igrejas matrizes, a Igreja da Misericórdia ou o Chafariz dos Canos.

No conjunto, sobressai o castelo que, alcandorado no alto do morro, domina a cidade e o território envolvente. Fortificação dotada de excelentes condições naturais de defesa, é testemunha da passagem de sucessivos corpos militares, representantes de diferentes povos e países que demandaram a região de Torres Vedras.

Última Atualização 02 abril, 2025

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