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Cultura; Geral

Bordalo Pinheiro, muito mais que o criador do Zé Povinho

31 de outubro, 2024
Oeste CIM
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Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), descendente de uma família de artistas, frequentou a Academia de Belas Artes e foi no desenho de humor e costumes e na caricatura que desenvolveu o seu traço ao longo de grande parte da sua vida.

Foi um cidadão que se preocupou com a situação política e económica do país, participando ativamente na vida social e cultural do seu tempo. Fundou e dirigiu várias publicações, ilustrou livros e jornais e através do desenho e da escrita criticou de forma mordaz todos os aspetos da vida política, cultural e social de Portugal nos finais do século XIX.

Rafael Bordalo Pinheiro foi um artista multifacetado e empreendedor e decidiu acrescentar às suas múltiplas atividades, a de ceramista. Escolheu as Caldas da Rainha que já tinha uma forte tradição cerâmica de inspiração naturalista, à maneira do neo-palissy, para fundar a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha.

A empresa constituiu um grande projeto, abrangendo diversas áreas da produção industrial de cerâmica, que contribuiu para a renovação das peças nas técnicas de produção, das formas, das cores e das dimensões. Criou as figuras populares do Zé Povinho (representado de diversas formas), da Maria Paciência, da Ama das Caldas, do Polícia do Padre e muitos outros.

Rafael Bordalo Pinheiro deixou uma variedade de peças de cerâmica tão significativa que ainda hoje perduram na arte portuguesa e são apreciadas em várias partes do mundo. Como artista vivaz e atento ao quotidiano da vila, a sua estada nas Caldas da Rainha permitiu-lhe observar as vivências locais da época e transpô-las para o desenho nas publicações: ‘O António Maria’, ‘Pontos nos ii’ e ‘A Paródia’ que nos dão um retrato da sociedade, nos finais do século XIX.

As suas caricaturas incidem preferencialmente nos três administradores do Hospital Termal: Francisco E. de Andrade Pimentel, Rodrigo Maria Berquó e José Filipe Neto Rebello, três figuras que marcaram a história da vila de então.

Através do traço de Rafael Bordalo Pinheiro viajamos pela época e descobrimos pormenores que nos suscitam o sorriso e a admiração pelo génio do artista que muito contribuiu para promover e defender os interesses das Caldas da Rainha.

Bibliografia: BORGES, Nicolau João Gonçalves; XAVIER, Isabel - Bordalo nas Caldas: obra gráfica. Caldas da Rainha: Património Histórico: Centro Hospitalar, 2005 CASTANHEIRA, Isabel; MACEDO, Miguel - As Caldas de Bordalo: passeio pelas Caldas da Rainha dos lugares de permanência de Rafael Bordalo Pinheiro ou passos de breves memórias. 1ª ed. Lisboa: Arranha-Céus, 2014 1 COTRIM, João Paulo - Rafael Bordalo Pinheiro: fotobiografia. Lisboa: Assírio & Alvim: El Corte Inglés: CML / Museu Rafael Bordalo Pinheiro, 2005

 

O Projeto ‘Da Biblioteca para o Mundo’ é uma parceria entre a Comunidade Intermunicipal do Oeste e a Rede Intermunicipal de Bibliotecas do Oeste (RIBO) com o propósito de descobrir ou revisitar figuras do município que gravaram o seu nome nos livros.

Pode ler aqui os outros artigos desta série:

Júlio de Mello Fogaça: O pacifista que abateu árvores para construir o museu

Júlio César Machado: A giesta de A-dos-Fracos foi a musa para os grandes palcos de Lisboa

Virgínia Victorino: Como a morte de um cão a lançou para a escrita

Última Atualização 12 dezembro, 2024

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